A Jaguar estréia seu famoso carro Tipo D, que se tornará um dos mais famosos carros da história do automobilismo, não só por ser tri-campeão em Le Mans (vencerá em 1955, 1956 e 1957), como pelo fato de neste último ano conquistar os quatro primeiros lugares e o 6º lugar. As inovações tecnológicas para a época fizeram deste modelo espetacular, possuía um motor de 6 cilindros em linha, 3 carburadores Weber, duplo comando, 3,4 litros de cilindrada, câmbio de 4 marchas, freios a disco e 250HP. Atingia 275 km/h e pesava 870 kg. Fazia de 0 a 100 em menos de 5 segundos. Neste ano de estréia, um carro chega em segundo lugar e dois outros abandonam.
A vitória foi para o argentino José Froilan Gonzales (apelidado de “The Bull of the pampas” na Europa ou “cabezón” pelos argentinos) que dividiu a condução com o francês Maurice Trintgnant numa Ferrari 375, carro esporte baseado na Ferrari F1 de 1950. Em segundo chegou um Jaguar com Tony Rolt e Duncan Hamilton. Foi um duelo de gigantes que durou toda a prova.
A Ferrari tinha problemas de ignição e houve um verdadeiro dilúvio durante a competição. Apesar de todos os problemas enfrentados, o modelo italiano venceu os ingleses com um minuto e meio de vantagem, pequena se levar em conta que é uma corrida com 24 horas.
Gonzales foi o primeiro e até hoje único argentino a ganhar em Le Mans. O público assistiu, em 1954, a uma batalha titânica entre os carros Jaguar Type D e o solitário 375 Plus de Gonzales e Trintignant. Superando a chuva e problemas nos boxes, a Ferrari venceu por uma margem muito pequena.
Hermano da Silva Ramos, que tem dupla nacionalidade (brasileira e francesa), é o segundo brasileiro a competir em Le Mans. Conduz um Aston Martin DB2 que não termina a prova com problemas de transmissão. O piloto participará da Fórmula 1 em 1955 e 1956. Esta edição também marca a primeira vitória dos pneus italianos da Pirelli e a primeira participação do norte-americano Carroll Shelby, que vencerá a prova em 1959 junto com o inglês Roy Salvatori num Aston Martin.
A Porsche ganha em duas das categorias de baixa cilindrada, na classe de 1101cc a 1500cc com o modelo 550 dos pilotos Johnny Claes e Pierre Stasse. E na classe 751cc a 1100cc com o também 550 pilotado por Zora Arkus Duntov e Gonzague Olivier.
Juan Manuel Fangio não teve sorte em La Sarthe. Em duas edições, as de 1952 e 1954, sua participação sequer foi aprovada pela organização, que tinha a árdua tarefa de selecionar os carros que poderiam tentar se qualificar. Nas demais, não completou as 24 horas em nenhuma. E não dá para dizer que ele não tentou de tudo: Fangio ficou pelo meio do caminho pilotando carros da Gordini, da Maserati, da Ferrari, da Talbot, da Alfa Romeo e da Mercedes.
Classificação Geral
1 S 5.0 4 José Froilán González/Maurice Trintignant - Ferrari 375 Plus - 302 voltas
2 S 5.0 14 Duncan Hamilton/Tony Rolt - Jaguar D-Type - 301 voltas
3 S 8.0 2 William Spear/Sherwood Johnston - Cunningham C4-R - 283 voltas
4 S 5.0 16 Roger Laurent/Jacques Swaters - Jaguar C-Type - 277 voltas
5 S 8.0 1 Briggs Cunningham/John Gordon Bennet - Cunningham C4-R - 274 voltas
6 S 3.0 30 André Guelfi/Jacques Pollet - Gordini T15 - 263 voltas
7 S 2.0 35 Peter S. Wilson/Jim Mayers - Bristol 450 - 260 voltas
8 S 2.0 33 Tommy Wisdom/Jack Fairman - Bristol 450 - 257 voltas
9 S 2.0 34 Mike Keen/John Line - Bristol 450 - 255 voltas
10 S 750 57 René Bonnet/Élie Bayol - DB HBR Panhard 0.7L - 240 voltas