sábado, 6 de maio de 2017

1977 – Duelo entre Porsche e Renault

24 Horas de Le Mans 1977
Uma edição dramática para a Porsche, foi isso que se viu nas 24 Horas de Le Mans de 1977. Tanto a Renault como a Porsche continuam a optar pelo grupo 6, a classe onde reinavam os protótipos, muito competitiva e com mais condições para aspirar à vitória final nas 24 Horas. Para defender o título conquistado no ano anterior, a Porsche inscreveu dois 936 (o mesmo carro do ano anterior). O nº 3 seria pilotado pelo belga Jacky Ickx e o francês Henri Pescarolo. No nº 4 estavam o americano Hurley Hailwood e o alemão Jurgen Barth.
A Renault, depois de um ano experimental em 1976, chegou a Le Mans confiante nos milhões de francos que havia investido numa armada que desafiava a Porsche. Os melhores pilotos franceses da época foram escalados para defender o time: Didier Pirroni, Jean Pierre Jaussaud, Patrick Depailler, Jacques Laffite, Jean Pierre Jabouille e Derek Bell, este último o único inglês.
Jean Rondeau volta a inscrever 3 protótipos Inaltera LM na classe GTP. No nº1 Jean-Pierre Beltoise e o americano Al Holbert; no nº2 é inscrita uma dupla 100% feminina, constituída pela italiana Lella Lombardi e pela belga Christine Beckers; e por último, no nº88, o próprio Jean Rondeau divide o volante com o seu compatriota Jean Ragnotti. Na qualificação, o nº1 obtém o 13º melhor tempo, o nº2 fica com o 19º e o nº88, de Rondeau, apenas com o 20º melhor tempo.
Logo no começo da prova, o Porsche 936 de Hurley Hailwood e Jurgen Barth parou nos boxes com um problema de injeção e caiu para o 41º lugar. Ickx, pilotando um modelo idêntico lutava bravamente contra os Renault Alpine e liderava. O Inaltera de Beltoise e Holbert ainda chegou a rodar no 3º lugar da Geral, à frente de um dos Porsche oficiais, no entanto um problema durante um dos reabastecimentos causou uma “mini” inundação do cockpit do protótipo e posterior incêndio, com Beltoise ainda no seu interior. Após uma hora e meia de reparações ainda voltaram à pista. No começo da noite mais problemas para a equipe Porsche. O carro de Ickx teve a suspenção quebrada e foi obrigado a abandonar. Depois de três horas de prova, a frota dos Renault Alpine A442 tomam a liderança ocupando os três primeiros lugares. Parecia que a vitória de um carro francês estava se desenhando, pois o mais rápido dos Porsche 936 abandonara e o segundo perdera muito tempo nos boxes. No entanto, os acontecimentos que vieram a seguir mudaram o resultado. Como o regulamento permitia, o belga passou para o carro de Barth e Haywood e 21 minutos depois das 8 horas da noite (mais de quatro horas de corrida), Ickx assumiu a condução do Porsche 936 nº 4 sobrevivente. Durante a noite, o automóvel foi subindo de posição e três horas mais tarde, o belga abandonou o volante após registrar a volta mais rápida, o que contribuiu para elevar o carro ao 6º lugar da geral. Nesse período havia perdido quatro quilos, mas a fadiga não o impediu de render Haywood três horas depois. “Ele estava imparável e confiante que iria ganhar”, admitiu Norbert Singer, o engenheiro da Porsche. Ao fim da mais uma seção de três horas, Ickx ganhava 10 segundos por volta e levou o 936 ao terceiro lugar. A diferença para o líder baixou para 6 voltas. A pressão era grande e a Renault resolveu erradamente mudar de tática e mandou os seus pilotos aumentarem o ritmo de corrida, sendo assim, seus carros começaram a ter problemas. Neste meio, o segundo Renault, conduzido por Depailler/Laffite, abandonou com problemas de motor, após uma falha na transmissão. Cinco horas depois, o carro que comandava a competição teve a mesma sorte, ficando pelo caminho. Depois de 15 horas e meia, o Porsche nº 4 assumiu a liderança, mas faltando menos de uma hora para o final, o 936 começou a soltar uma fumaça branca que indicava a existência de problemas sérios de motor. Nesta altura o Mirage que surgia no segundo lugar estava longe e permitia uma longa parada no box, mas para ser considerado vencedor o carro teria que voltar a pista para dar pelo menos uma volta e receber a bandeirada. Ninguém sabia se o Porsche 936 aguentaria. Barth saiu dos boxes com o turbo desligado e completou as duas últimas voltas sem passar dos 80 km/h. Cerca de dez minutos que pareceram horas foi o tempo da volta final, provavelmente a mais lenta da história de Le Mans.
O Inaltera de Jean Pierre Beltoise e Al Holbert concluiu a prova no 13º lugar da geral, dois lugares atrás do carro “feminino” de Lella e Christine, que terminaram em 11º lugar. O terceiro Inaltera, conduzido por Rondeau, chegou a rodar em 3º lugar da geral na parte final da prova, mas Ragnotti, responsável pelo último turno do nº88, não conseguiu segurar o Porsche 935 privado da equipa francesa JMS Racing/ASA Cachia, com o francês Claude Ballot-Léna e o americano Peter Gregg ao volante. Apesar de o pódio lhe ter fugido nos minutos finais, o 4º lugar de Ragnotti e Rondeau constituía a melhor classificação final para ambos e para jovem equipe de Rondeau, voltando a vencer, como no ano anterior, a categoria GTP.
Classificação geral
1 S +2.0 4 Jürgen Barth/Hurley Haywood/Jacky Ickx - Porsche 936/77 - 342 voltas
2 S +2.0 10 Vern Schuppan/Jean-Pierre Jarier - Mirage GR8 - 331 voltas
3 Gr.5 40 Claude Ballot-Léna/Peter Gregg - Porsche 935 - 315 voltas
4 GTP 88 Jean Ragnotti/Jean Rondeau - Inaltera LM77 - 315 voltas
5 S +2.0 5 Alain de Cadenet/Chris Craft - De Cadenet-Lola LM - 315 voltas
6 S 2.0 20 Michel Pignard/Albert Dufréne/Jacques Henry - Chevron B36 - 303 voltas
7 GT 58 Bob Wollek/"Steve"/Philippe Gurdjian - Porsche 934 - 298 voltas
8 IMSA 71 Jean Xhenceval/Pierre Dieudonné/Spartaco Dini - BMW 3.0CSL - 291 voltas
9 IMSA 50 Hervé Poulain/Marcel Mignot - BMW 320i - 287 voltas
10 IMSA 61 Christian Gouttepifre/Philippe Malbran/Alain Leroux - Porsche 911 Carrera RS - 281 voltas

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