segunda-feira, 17 de junho de 2019

2019 - 24 Horas de Le Mans

As últimas quatro horas provaram ao máximo o físico e mental dos pilotos e também a resistência dos carros. Natural, portanto, que erros começassem a acontecer com alguma frequência, como a batida de Nyck de Vries com o LMP2 do Team Nederland, que levou a direção de prova a acionar o safety-car. Kamui Kobayashi e seus companheiros lideravam desde a largada com o Toyota TS050 Hybrid #7, com quase 2min de vantagem para Fernando Alonso, no seu último turno com o protótipo que o consagrou como vencedor em Le Mans no ano passado. Os dois Toyota rodavam em ritmo muito parecido. A SMP, desta vez com Mikhail Aleshin ao volante, fechava o top-3 na LMP1.
Com 1h40min para o fim da corrida, Alonso encerrou seu último stint a bordo do LMP1 da Toyota e deu lugar a Nakajima, que caminhou para fazer história ao ser o primeiro japonês campeão mundial de uma categoria de elite do automobilismo. No Toyota #7, 'Pechito' López entrava no lugar de Kobayashi.
Dizem que é Le Mans quem escolhe seus vencedores. E em 2019, desde o início das atividades de pista, ainda na quarta-feira, tudo indicava que os escolhidos eram Mike Conway, Kamui Kobayashi e José María López, o trio do Toyota TS050 Hybrid #7. Só que Le Mans é Le Mans e sempre prega suas peças. Com menos de uma hora para a bandeirada, 'Pechito' López teve de lidar com um furo no pneu dianteiro direito do Toyota #7. Por sorte, o argentino estava perto da entrada dos boxes, entrou para fazer a troca. Mas pouco depois de sair dos boxes, López enfrentou um novo problema, desta vez no câmbio do carro, travado em terceira marcha, e ainda teve outro pneu furado, vindo muito lento na pista. Após novo pit-stop, o piloto voltou à pista, mas em segundo, atrás do Toyota #8 de Nakajima.
'Pechito' López acelerava em ritmo de classificação para se aproximar do Toyota #8, a ponto de virar mais de 5s mais rápido na volta 373. A dúvida persistia: qual Toyota venceria em Le Mans? A própria equipe tratou de decidir e encerrar a dúvida: "Traga o carro para casa", disse via rádio um dos engenheiros do time a López. Era a confirmação, na prática, da vitória de Alonso, Buemi e Nakajima nas 24 Horas de Le Mans.
Fernando Alonso disse que sua segunda vitória em Le Mans foi devido à sorte, depois que o segundo carro da Toyota teve problemas no final da corrida. Falando após a corrida, o bicampeão mundial de Fórmula 1, admitiu que a vitória na corrida foi por bastante sorte. “Foi a sorte que nos deu o troféu, vamos levá-lo, porque o automobilismo é assim. Espero que eles ganhem no próximo ano”, disse Alonso à imprensa. “Eu posso imaginar o que eles estão sentindo depois de 2016, na última volta para nós, deve ser terrível.” A corrida de 2019 em Le Mans, marcou a saída final de Alonso da equipe Toyota Gazoo Racing no World Endurance Championship. Com esta vitória, ele também conquistou ao título no campeonato WEC com seus companheiros de equipe, aumentando sua já ilustre lista de conquistas.
Depois de 2017 na Aston Martin, Daniel Serra conseguiu levar uma Ferrari à vitória das 24 Horas de Le Mans ao lado do italiano Alessandro Pier Guidi e do inglês James Calado. Serra, é agora duas vezes vencedor da classe LGMTE Pro em La Sarthe. O piloto de 35 anos comemorou a vitória e exaltou o fato de ser pelas cores da Ferrari. Mesmo sendo um repeteco de algo que já fez antes, garantiu algumas horas após a prova que ainda estava digerindo o que aconteceu. "É incrível. Acredito ser uma pessoa de muita sorte por estar no lugar certo na hora certa. É a minha segunda vitória em três participações, ao volante da Ferrari e ainda falta cair a ficha de tudo isso. É emocionante vencer com a marca do Cavallino Rampante, ainda mais junto a James e Alessandro", afirmou. Atrás de Serra e da AF Corse Ferrari, o pódio da classe LMGTE Pro teve ainda duas Porsche: o #91, de Richard Lietz, Gianmaria Bruni e Frédéric Makowiecki, no segundo posto e o #93, de Patrick Pilet, Nick Tandy e Earl Bamber, em terceiro.
Na LMP2, André Negrão, que já havia vencido em Le Mans em 2018 — triunfo que só foi confirmado em outubro após julgamento do recurso da G-Drive —, triunfou pela segunda vez em La Sarthe ao lado de Pierre Thiriet e Nicolas Lapierre com o protótipo da Signatech Allpine #36. Para completar uma festa que promete varar a madrugada, o trio confirmou a conquista do título mundial na classe LMP2.
O brilho brasileiro foi completado em Le Mans com dois estreantes no pódio na LMGTE-AM. Felipe Fraga teve uma jornada brilhante correndo com o Ford GT #85 da equipe Keating Motorsports ao lado de Ben Keating e Jeroen Bleekemolen e mostrou toda a capacidade que o consagrou como um dos melhores pilotos em atividade no Brasil. E Rodrigo Baptista, que também fez ótimo papel desde os treinos em La Sarthe, garantiu um importante troféu na carreira no seu debute na prova ao terminar em terceiro lugar com a Ferrari 488 da JMW Motorsport ao lado de Wei Lu e Jeff Segal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário