terça-feira, 14 de agosto de 2018

2012 – Mais uma para os alemães da Audi

24 Horas de Le Mans 2012
A extraordinária corrida intitulada « 24 Horas de Le Mans » se tornou mítica, onde as maiores marcas de automóveis e os mais prestigiados pilotos têm se rivalizado ao longo de décadas. Este encontro fez com que a capital do departamento Sarthe, ficasse conhecida no mundo inteiro. A sua ideia inicial era simples e inovadora: permitir que os automobilistas comparassem a resistência das suas viaturas. Le Mans era então um dos berços das tecnologias do setor automóvel e aeronáutico do século XX.
Desde o princípio, para os amadores e profissionais do mundo inteiro, o circuito das 24 Horas de Le Mans tem o significado de ser uma das mais prestigiosas corridas. O seu traçado emblemático já conheceu inúmeras adaptações, sendo atualmente, um dos circuitos de corridas de automóvel mais extensos do mundo com quase 14 km. Uma parte de estrada do circuito está aberta à circulação pública durante o resto do ano. Ao longo das várias provas e diversas edições, as 24 Horas de Le Mans já viram desfilar mais de 3.000 viaturas, em representação das maiores marcas, e foram o palco de lendárias façanhas de mais de 6.000 pilotos. As 24 horas de Le Mans exigem precisão dentro e fora da pista. E isso não é tarefa fácil num esporte em constante evolução, no qual aquele que não acelera nas mudanças acaba ultrapassado.
A corrida deste ano recebe de braços abertos novas equipes e novas tecnologias, times que gastaram incontáveis horas testando e aperfeiçoando seus projetos. Em Le Mans, tudo o que pode ser colocado à prova antecipadamente é testado à exaustão. Nada é deixado ao acaso. A aplicação de tecnologias de ponta está em perfeito acordo com a missão da ACO, de garantir que as 24 Horas de Le Mans seja uma combinação dos últimos avanços da máquina com esportividade em seu mais alto nível. Historicamente, as 24 horas de corrida no circuito de Le Mans sempre representaram um inigualável campo de testes para os grandes fabricantes de automóveis, levando a um número incrível de inovações, algumas das quais pareciam revolucionárias no início, antes de se tornarem partes essenciais de qualquer carro de passeio hoje em dia. Quer se trate dos limpadores de para-brisas, os freios a disco e os faróis de LED, que contribuíram não somente para aumentar o conforto dos motoristas, mas também para a uma redução no número de acidentes nas estradas do mundo todo. Muitas vezes o público ignora a dimensão dos progressos técnicos que foram conseguidos graças ao esporte motorizado em geral e à maratona de Le Mans em particular. A tecnologia não teria conseguido fazer tão rápidos progressos sem as 24 Horas de Le Mans.
Com relação especificamente a prova, no início a Audi pulou na frente com os dois primeiros lugares, seguidos por Toyota, Audi, Toyota, Audi e Lola Toyota respectivamente. Depois de duas voltas, os três carros do time alemão ocupavam os primeiros lugares. Na frente estava o atual campeão e pole position Andre Lotterer, no carro número 1, dois segundos à frente do companheiro Loic Duval, no Audi n º 3. O terceiro Audi, de Allan McNish, o número 2, ultrapassou a Toyota 8 de Stephane Sarrazin ainda na primeira volta para chegar ao terceiro lugar. Os carros da Toyota mantiveram certa distância dos líderes até a quinta hora, quando resolveram atacar, chegando a liderar a corrida na sexta hora, mas exatamente no momento em que fizeram a ultrapassagem no Audi líder começaram os problemas da equipe japonesa. Assim sendo, deu a lógica mais uma vez . Pela 11ª tentativa em 13 anos, a Audi fez história ao vencer a mais tradicional prova de resistência do automobilismo mundial. Com o trio formado pelo suíço Marcel Fassler, o alemão Andre Lotterer e o francês Benoit Treluyer, a equipe venceu a 80ª edição das 24 Horas de Le Mans ao completar 378 voltas na disputa. O trio era o atual campeão da corrida.
A vitória foi a primeira na tradicional prova de um carro com tecnologia híbrida de propulsão, com sistema de recuperação de energia combinado a um motor a diesel. A marca alemã, só tem menos triunfos do que a sua compatriota Porsche, que soma 16 primeiros lugares. Um triunfo justo, pela eficiência que a turma de Ingolstadt demonstra no assunto Endurance. É claro que os pilotos cometem erros e máquinas falham, quebram. Mas Dr. Wolfgang Ulrich, um dos pilares da equipe oficial de fábrica ao lado de Reinhold Jöest, Ralf Jüttner e Axel Löffler, exige mais e o melhor de todos, sempre. A Audi conseguiu as três primeiras posições e ainda o quinto lugar. O trio Lotterer/Fässler/Tréluyer, conquistaram o bicampeonato consecutivo da prova e também o da única engenheira na Endurance, Leena Gade, que trabalha exclusivamente com o acerto do carro 1.
Este ano, a fabricante japonesa Toyota marcou seu retorno ao esporte de alto nível com dois carros na categoria LMP1, a principal classe de protótipos de corrida nas 24 Horas de Le Mans. O chassis Toyota foram projetados e construídos no Centro de Alto Desempenho da Toyota Motorsport GmbH em Colônia (Alemanha), onde fica a sede da equipe. O projeto foi criado em cima de um motor híbrido a gasolina desenvolvido pela Toyota Motor Corporation, no Japão. Embora a Toyota tenha corrido em Le Mans pela primeira vez em 1975, passaram-se 13 anos desde a última participação oficial da montadora japonesa. O híbrido que foi usado pela Toyota marcou um passo importante para a tecnologia de motores no Circuito de La Sarthe. A Toyota foi acompanhada nesta inovação pela Audi, que também usou a tecnologia híbrida automotiva em seus dois R-18 e-tron quattro de competição pela primeira vez. O embaixador Rolex Tom Kristensen, que detém o recorde de oito vitórias nas 24 horas de Le Mans, assumiu seu lugar ao volante de um destes veículos revolucionários. A Toyota era considerada a principal concorrente da Audi na prova e chegou a assumir a liderança na sexta das 24 horas.
Outro carro inovador que não concluiu a corrida foi o DeltaWing Nissan, projeto desenvolvido em conjunto pela Nissan e pela Michelin. Inovador na aerodinâmica, com uma frente alongada e pneus mais estreitos que os carros convencionais, o protótipo, que andou sempre no meio do pelotão, foi jogado para fora da pista pelo japonês Kazuki Nakajima, da Toyota, com somente seis horas de corrida. Começou, então, o drama da equipe: pela grade, os mecânicos do DeltaWing orientavam o piloto, o também japonês Satoshi Monoyama, que tentava recuperar o carro para devolvê-lo à pista. Ao ver que os esforços eram inúteis, Monoyama deixou o local desolado, mas sob aplausos do público.
A aventura da Toyota nas 24 Horas também não durou nem metade da disputa. Os dois carros inscritos na corrida abandonaram. Um deles com falha no motor e o outro após um espetacular acidente, envolvendo o piloto Anthony Davidson, a mais de 300 km/h. Na tentativa de ultrapassagem de uma Ferrari (da classe GT), Davidson acabou sendo atingido por Piergiuseppe Perazzini. O modelo Toyota acabou decolando, girou no ar e bateu muito forte na barreira de pneus. Assim, a montadora alemã dominou completamente a disputa. Tanto Anthony Davidson quanto Perazzini deixaram seus carros conscientes e andando após o acidente. Mas o piloto inglês foi levado a um hospital referência na região do autódromo para a realização de exames mais detalhados. Davidson foi diagnosticado com fratura em duas vértebras e deve ficar fora das pistas por, pelo menos, três meses. “Ainda estou sentindo um pouco de dor nas minhas costas. Mas esta é a única coisa que dói. Então, tive muita sorte”, disse ao inglês.
Cinquenta e seis carros largaram, mas apenas 33 conseguiram concluir a corrida. Honrosas, sem nenhuma dúvida, foram a 4ª posição do Lola B12/60 da Rebellion, consistente do começo ao fim. Um dos poucos carros que sobreviveram sem enfrentar nenhum tipo de problema mais grave, ficando, inclusive, a frente de um Audi. Também a estreante JRM Racing é digna de nota, pois conseguiu um bom resultado ao colocar o seu HPD na sexta colocação da classificação geral. Tanto, aliás, quanto o de outras duas equipes novatas em Sarthe: a Starworks Motorsports, campeã da LMP2 e a vice, Thiriet by TDS Racing. Pecom Racing e Signatech Nissan, com participações pregressas na categoria e em Le Mans, terminaram entre os 10 primeiros na geral.
Na LMGTE-Pro, o bom trabalho do brasileiro Jaime Melo e dos parceiros Fred Makowiecki e Dominik Farnbacher, que acabaram em 18º lugar na classificação geral, com 333 voltas completadas. O resultado garantiu a segunda colocação na classe, visto que a atuação de gala do trio do 51 da AF Corse, impecavelmente conduzido por Gianmaria Bruni/Giancarlo Fisichella/Toni Vilander não deu chance aos rivais e abocanhou o primeiro lugar na categoria. O Aston Martin alcançou um honroso pódio com o terceiro lugar.
E a LMGTE-Am reservou a dose de emoção que os minutos finais da corrida: Anthony Pons, líder até faltarem 18 min para terminar as 24 Horas, começou a andar em ritmo lento, e Pedro Lamy, aumentou seu ritmo, passou, abriu e ganhou na classe. O português de 40 anos, com passagem pela F-1 no currículo e até um título na Le Mans Series em classe principal, enfrentou com dignidade o fato de ano passado ter andado de Peugeot na LMP1 e neste ano andar e ganhar numa classe inferior com o Corvette.
Resultado final da 80ª 24 Horas de Le Mans
1º LMP1 1 Andre Lotterer/Marcel Fässler/Bénoit Tréluyer - Audi R18 - 378 voltas.
2º LMP1 2 Tom Kristensen/Allan McNish/Dindo Capello - Audi R18 - 377 voltas.
3º LMP1 4 Oliver Jarvis/Mike Rockenfeller/Marco Bonanomi - Audi R18 - 375 voltas.
4º LMP1 12 Neel Jani/Nicolas Prost/Nick Heidfeld - Lola B12/60 Toyota - 367 voltas.
5º LMP1 3 Romain Dumas/Loïc Duval/Marc Gené - Audi R18 - 366 voltas.
6º LMP1 22 David Brabham/Peter Dumbreck/Karun Chandhok - HPD ARX-03a - 357 voltas.
7º LMP2 44 Ryan Dalziel/Enzo Potolicchio/Tom Kimber-Smith - HPD ARX-03b - 354 voltas.
8º LMP2 46 Mathias Beche/Pierre Thiriet/Christophe Tinseau - Oreca 03 Zytek Nissan - 353 voltas. 9º LMP2 49 Luis Perez-Companc/Soheil Ayari/Pierre Kaffer - Oreca 03 Zytek Nissan - 352 voltas. 10º LMP1 26 Nelson Panciatici/Pierre Ragues/Roman Rusinov - Oreca 03 Zytek Nissan - 351 voltas.

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